Anarquia na passarela: a influência do movimento punk nas coleções de moda
Rebeldia. Submundo. Sexo, drogas e rock’n’roll. Negação, até onde foi possível, do sistema capitalista e dos ideais conservadores. Contestação. Expressão de valores que, embora pudessem soar contraditórios, estavam voltados, entre outras coisas, para a decadência, o niilismo, a crueza, a arte. O movimento punk,
surgido na caótica e transformadora década de setenta, chacoalhou o
mundo e abalou antigos convencionalismos com sua virulência e sua
ironia. Derivados do beatnik, nascidos paralelamente na Inglaterra e nos Estados Unidos, os punks parecem distantes da estética pré-concebida que é apresentada a cada nova estação nas passarelas. É o próprio Daniel Rodrigues quem destaca a contradição e o objetivo do livro: “O
fato de estar comparando a moda – com seu caráter político-social
capitalista – com um fenômeno de cunho anarquista e de contracultura – o
punk – está no cerne desta objetivação. Mostrar o quanto ideias
políticas opostas podem vir a se interinfluenciar dentro da conjuntura
globalizada atual é objetivo frontal a se atingir.”
Em Anarquia na passarela, o autor salienta a importância dos músicos — de suas melodias, de suas letras e de suas roupas — para o movimento punk: bandas como The Stooges, Ramones e Sex Pistols
foram fundamentais para motivar os mais jovens a questionar a sociedade
mutante da época, talvez contribuindo, com o som pesado e seminal, para
aguçar sua agressividade e sua revolta. Ao mesmo tempo, estes grupos
serviram de inspiração para a estética que mesclava estampa xadrez, couro, tachas, cabelos coloridos (normalmente arrumados em um moicano), meia arrastão, botas, jeans etc.
Como estes elementos se incorporaram às passarelas? Como foram parar nas pranchetas de estilistas como Vivenne Westwood e Jean-Paul Gaultier? De que forma a sociedade assimilou o punk como movimento cultural, como expressão, como tribo? De maneira provocativa e original, Daniel Rodrigues apresenta, após uma longa pesquisa, um livro essencial para quem quiser compreender, mais do que a moda como um todo, a sociedade contemporânea. O prefácio é de Carlos Gerbase e as fotos de Nilton Santolin.
Autor – Natural de Porto Alegre, Daniel Rodrigues
é jornalista formado pela PUC/RS. Foi repórter, editor de cultura e
subeditor do site 359 Online, tendo por este ajudado a receber o 1º
Lugar na Categoria Jornalismo de Web no XX Prêmio de Direitos Humanos em
Jornalismo, em 2003. Membro da ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema
do Rio Grande do Sul), mantém o blogue de cinema OEstadodasCoisasCine, e
também é apaixonado por música, poesia, literatura, artes plásticas,
antropologia e futebol. Colabora para o blogue cultural Clyblog, no qual
publica contos, poesias, crônicas, resenhas, entre outros. Atua como
coordenador de jornalismo da agência Martha Becker Comunicação
Corporativa.
Anarquia na passarela: a influência do movimento punk nas coleções de moda será lançado pela Dublinense no dia 19 de julho de 2012 (quinta-feira), a partir das 20h, no Pinacoteca Café (Rua da República, 409, Cidade Baixa – Porto Alegre). Preço: R$ 35,00 (exemplar) / Formato: 15 x 23 cm / 192 páginas. Editora Dublinense – www.dublinense.com.br.