Unindo altas ondas e os surfistas da equipe, filme tem tudo para ser um clássico.
Capa do filme Rapaze. |
Todo rapaz pequeno pode ser um trigo roxo, mas arria os bagos do zóio e abaixa a crista quando topa com uma prancha de surfe. Olha pra prancha, bota tento, fica com cara de cachorro mijando na chuva, depois se solta e fica ali, com a canjica de fora. E logo percebe que uma prancha não é coisa pra bonito. Mas como tudo na vida, o surfe tem que ser de boa mente. Porque se for de vereda, pode acabar de borco. Afobação não ajuda, senão vira um bem-te-vi de igreja. Virar surfista é dibaxo da quebra.
Mas quem ama surfe vai até caixa-prego. Pra isso, tem que estar afiado. Saber enfrentar palpos de aranha quando preciso. Entre o sonho e a realidade, tem que ser rapinoso o tempo todo, até ficar esbudegado. Di sóli parido a sóli murrido. Até em dia estanhado. Quem se esgadelha muito da vida, melhor mudar o rumo pra não virar surfista meia pataca. Pra finalizar, vou te dizete uma coisinha pra ti: se uma prancha cruzar teu caminho, rapaz pequeno, não esmoreça. Porque chega uma hora que, depois de muito sonhar, você vê passarinho verde.
Nosso filme conta a história de um menino que se encontra com uma prancha de surfe pela primeira vez. E é amor à primeira vista. Esta história pode ser de um menino de Floripa, de Garopaba, da Indonésia, do Hawai, enfim, de qualquer lugar do mundo. Porque o surfe não tem fronteiras. Não tem nacionalidade. Não tem cor. Surfe é uma religião de todos os credos. Surfe é para quem tem água salgada correndo nas veias.
Fabinho Gouveia é um dos astros. FOTO Zé Roberto Muniz |
Este filme nasceu em Garopaba. Por isso as expressões típicas de Santa Catarina. Pinçadas do Catarinês, que já virou dicionário. Ele é uma homenagem aos meninos de ontem, que viraram os rapaze de hoje, que correram mundos atrás das melhores ondas nos mais diferentes picos. Mais detalhes? Veja o filme. E viaje nessa trip visual e sonora que vai te levar pra lugares cheios de tubos, aéreos, algumas vacas cabulosas e muito mais.
DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES
Abaixar a crista - Aquietar-se
Arriá o bago do zóio - Olhar, prestar atenção
Amarrar a mula - Calar-se
Botar tento - Prestar atenção
Caismatou-se - Cair, machucar-se, tomar uma vaca
Canjica de fora - Dentes de fora, estar com o sorriso aberto
Cara de cachorro mijando na chuva - Quando uma pessoa está envergonhada, sem jeito
Coisa pra bonito - Coisa sem necessidade, supérfluo
De boa mente - Esperar um pouco, agüentar um pouco
De borco - Torcer, cair de mau jeito
De vereda - Direto, de uma vez só
Bem-te-vi de igreja - Pessoa que está se exibindo muito
Dejahoje - Tempos atrás, antes, mais cedo,
De sóli parido a sóli murrido - Durante todo o dia
Dia estanhado - Dia cinzento, sem sol, mormacento
Dibaxo da quebra - Trabalho pesado
Em caixa-prego - Lugar muito longe
Estar em palpos de aranha - Estar numa situação difícil
Esgadelhar-se - Lamentar-se, reclamar muito
Meia pataca - De pouco valor
Nois nun ium lá? - Busca, sair em busca de boas ondas, encontrar um novo pico
Quinhão - Compartilhar, dividir a parafina, o sanduíche
Rapaze - Os caras, os surfistas, a galera que pega onda
Rapinoso - Perceptivo, ágil, sentir as coisas com rapidez
Trigo roxo - Sapeca, levado, arteiro
Viu passarinho verde - Quando uma pessoa está muito feliz, alegre, contente
Vou te dizete uma coisinha pra ti - Expressão usada como alerta, como advertência
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